Fiquei confuso! Estavas no parque e arrumar carros. Arranjas-te um lugar para o meu e ajudaste-me na manobra.
Fiquei confuso porque ao sair do carro com a moeda na mão não te vi e não a vieste buscar. Desapareceras!
Fiquei confuso e fui espreitar. Vi-te no outro extremo do parque longe do local onde eu ficara, afastado de propósito. E então eu percebi…
Afinal eu não te tinha visto…
Muitos anos atrás, éramos putos, reguilas, estudantes do ciclo. Três anos na mesma turma, mais dois de liceu. Juntos jogámos quilómetros de futebol, fumamos às escondidas o primeiro de milhares de cigarros e bebemos comprometidos as primeiras de muitas cervejas, piscámos o olho às primeiras raparigas.
Faltámos a dezenas de aulas, fomos para a praia, a pé e à boleia! Perdemo-nos nas salinas, nos terrenos do aeroporto, nos pinheiros.
Jogávamos às cartas por dinheiro, tocávamos às campainhas e escondíamo-nos. Éramos putos do ciclo, reguilas alegres e livres.
Já no liceu, um pouco menos putos, continuámos putos reguilas e sonhadores. Lembro-me que sonhavas com uma mota e de que falavas que gostarias de um dia ter um bar.
Passaram-se muitos anos. Nunca mais te vi. Não sei se algum dia tiveste uma mota e um bar.
Voltei ao mesmo parque uns dias depois. Não te vi, não estavas lá! Perguntei a um teu colega o que te tinha sucedido:
-Partiu…para sempre!
Percebi. Percebi e então tive vergonha. Vergonha da vergonha que tiveste, tive vergonha de não ter ido fumar um cigarro e beber uma cerveja contigo, tive vergonha de não ter ficado a saber se algum dia tiveste uma mota e um bar.
E naquele parque onde afinal não te vi, encostei-me ao carro e sem vergonha não me contive e chorei!
Descansa em paz.
Nota: Texto real... Arrumava carros em Faro, perto de um café de nome: O SEU CAFÉ. A minha “mana Isabel” deve-se ter cruzado com ele também!
Até breve
SE DEUS QUISER
“quando o carpinteiro lhe tirava as medidas para o caixão, viram, através da janela, que caía uma chuva de minúsculas flores amarelas. Caíram durante toda a noite sobre a aldeia numa tormenta silenciosa e cobriram os telhados e bloquearam as portas e sufocaram os animais que dormiam à intempérie. Tantas flores caíram do céu que as ruas amanheceram atapetadas por uma colcha compacta e tiveram de varrê-las com pás e ancinhos para que o funeral pudesse passar.” Cem Anos de Solidão G.G.Marquez
domingo, 18 de maio de 2008
segunda-feira, 12 de maio de 2008
PARABÉNS DORA
A Dora cresceu depressa… Muito depressa. Tão depressa que sábado vai ter a sua festa de fim de Curso.
Sem ter palavras com que a possa elogia ou incentivar e desejando-lhe as maiores felicidades limito-me a dizer-lhe:
Vai Dora, segue em frente. Avança em direcção ao futuro.
Constrói um ninho de esperança, um caminho de amor.
Vive, aproveita a beleza do nascer do sol, o cantar dos passarinhos. Veste a tua alma com a branca flor das amendoeiras e o teu sorriso com o seu perfume.
Reparte o teu amor pelos outros. Recebe o amor dos outros. Partilha-o, difunde-o transmite-o.
Vai Dora, segue em frente, sem medo. Avança em direcção ao futuro.
Sê feliz, boa profissional, boa esposa, boa mãe. Ajuda a crescer os nossos futuros médicos, advogados, pedreiros ou padeiros. Ajuda-os a pintar a tela da sua vida impregnando-a com o teu perfume.
Vai Dora, vai em frente! Avança em direcção ao futuro e de certeza que nunca a branca flor das amendoeiras deixará de perfumar o quintal da tua vida.
PARABÉNS DORA
Vítor Barros
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